Adormeço aos bocadinhos para não acordar os sonhos. A pele estica as palavras e os sons ao mesmo tempo. Congelo o momento com a língua. Sussurro ao sangue de que está na hora de ir dormir. Ele está inquieto, agita-se, revolta-se, grita e contorce-se acabando por cair redondo no chão. Vencido pelo cansaço apaga-se ao de leve como um sopro de vela. O espírito acotovela-se dentro da carne à espera de um abraço. Se os vidros ainda estão selados é porque a manhã ainda não chegou. Quando chegar, ela que bata devagarinho para não acordar os sonhos, eles não gostam de ser incomodados.
6 comentários:
Tocar a campaínha dos sonhos: belíssima imagem!
Xi.
Tão madrugada, tão silencioso, tão sustenido no cuidado de não acordar o que se mexe em redor desta câmpanula... tão suave, este escrito.
Von
Tilim talão ;)
Não se deve acordar, por isso há que falar baixinho, em surdina para não perturbar a suavidade do momento ;)
Fantástico, apenas...
bj
;) blackiss
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