domingo, 30 de março de 2008

Sonho de uma noite de verão

Strawberries cherries and an angel's kiss in spring. My summer wine is really made from all these things...(Ville Valo feat Natalia Avelon)

quarta-feira, 26 de março de 2008

Branco momento

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O invisível momento da superfície calma das coisas, paira de braços abertos sobre o líquido inexistente de um corpo que se desvanece. A polpa dos sentidos esgravata levemente um querer incontrolável na boca que me persegue. Subir para depois descer. Descer para depois subir. Elevam-se pedaços de alma agarrados aos dedos. As unhas prendem-se à carne no momento de fusão. Se o sangue fervilha aos poucos, as veias em inquietação latejam um perfume purpurino. No branco momento, cai uma gota de aperto que perfura a pele e atira o corpo para o chão. O embate das costas no vazio do soalho abre uma cratera em espiral. O ranger da madeira sobe de tom sempre que o corpo se move. Uma força desconhecida reanima o corpo. De novo a pairar no infinito, seduz a quietude do momento e junta-se a ele numa brincadeira endiabrada sem fim.

Machine gun

Um dia deixas-me dormir no teu peito?

quarta-feira, 19 de março de 2008

Mar adentro

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Puxo as ondas do mar para dentro de mim, abraço-as com todos os sentidos. Perco-me na sua imensidão e venho ao de cima extasiada. Quando a areia me tenta comer, empurro-a com os pés para não ficar enterrada. Naquela luta corpo a corpo, o mar tornou-se o meu amante dedicado. As peles nuas, absorvem a bravia do mar pelas veias. Libertas das amarras que as prendem à terra molhada, conspiram desejos feitos da espuma dos dias. As ondas deitadas na areia, acotovelam-se umas às outras para roubarem beijos repenicados às rochas. As rochas vestidas com cetim branco, posam para a Lua junto à escada de madeira corroída pelo sol. Despidas outra vez, choram lágrimas de sal enquanto os olhos, procuram noutros olhos, um profundo mar adentro.

segunda-feira, 17 de março de 2008

A aurora (pós-moderna) de Eostre

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Nos ruídos tempestuosos produzidos pelo som da existência, Eostre estava sentada no muro, de costas voltadas para a metrópole, anestesiada pela poeira dos dias, quando um pássaro obscuro voou sobre ela. Debruçou-se sobre Eostre e disse-lhe ao ouvido: sou o celeiro dos pedaços colhidos ao longo das tuas trilhas percorridas. Incapaz de lançar um grito para dentro de si, Eostre deixou cair no chão as gotas de suor já avermelhadas. O pássaro pousou nas marcas da sua alma e transformou-se num coelho. Com o passar dos dias o coelho não estava feliz com a transformação, pois deixou de ouvir o eco fininho do chicote que rasgava diariamente a pele do coração. Até o aroma da paixão que adornava as auroras de todas as manhãs estava com os seus ponteiros parados. Na rasura dessa carne que arranca as árvores pelas raízes, só lhe restava esperar até que o Inverno passasse. Chocada pela luz do Sol, a Primavera chegou. No espasmo da luxúria, a Primavera absorveu de um só gole a vida ávida. Contracções involuntárias na sofreguidão alucinada da pele contra pele, que explode nas veias em todos os corpos, que trespassa o mundo e tem fome insana, desvairada. De volta a si, o pássaro agradeceu a Eostre, voltou a voar e depositou no céu ovos coloridos em sua homenagem. E nesse eterno buscar, havia de ser aurora todos os dias e todas as noites. E Eostre havia de voltar para encontrar o que deixou. A sua presença tatuada na pele que nos fere todas as Primaveras.

quarta-feira, 12 de março de 2008

Ata-me

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O tédio dos dias longos seca-me os lábios. Passo os dedos por eles ao de leve com a esperança de encontrar ainda resquícios de calor. Mas estão inertes. Sequiosos à espera de uma gota de saliva quente. Tenho sede. Estico a mão, mas o copo está vazio. Atiro-o para o chão violentamente. Os estilhaços feriram-me a pele. Sorvo o sangue salpicado. Tem um sabor conhecido. Sabe a ti. Ata-me! Ata-me com as tuas palavras. Ata-me com a tua voz que me arrepia os sentidos. Ata-me com a tua língua que passa serpenteada na minha boca. Ata-me com o teu olhar que me prende. Ata-me!

domingo, 9 de março de 2008

I died for beauty

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Love, love is a verb. Love is a doing word. Feathers on my breath. Gentle impulsion. Shakes me, makes me lighter. Feathers on my breath. Teardrop on the fire. Feathers on my breath. In the night of matter, black flowers blossom. Feathers on my breath. Black flowers blossom. Feathers on my breath. Teardrop on the fire. Feathers on my breath. Water is my eye. Most faithful my love. Feathers on my breath. Teardrop on the fire of a confession. Feathers on my breath. Most faithful my love. Feathers on my breath. Teardrop on the fire. Feathers on my breath. Stumbling a little. Stumbling a little. (The Liminar - I Died for Beauty)

terça-feira, 4 de março de 2008

São rosas, senhor, são rosas

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O corpo deitado na relva respira devagar o aroma adocicado da manhã, para que entre compassadamente o primeiro tempo de uma valsa. Acorda a pensar em dias infinitos, em sorrisos lascivos e intermitentes. Eleva-se nas pontas de ambos os pés e sente o pulsar do coração nos lábios. Num andamento de 30 compassos por minuto, as palavras aveludadas sangram a língua. É como se tivesse a boca a saber a framboesas acabadas de colher. Fora de si, fora do corpo, em ondulações graciosas, um cheiro hipnotizante invadiu o nariz numa progressão suave e lenta. "São rosas, senhor, são rosas..." das memórias carmim que plantamos diariamente no chão.