terça-feira, 4 de março de 2008

São rosas, senhor, são rosas

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O corpo deitado na relva respira devagar o aroma adocicado da manhã, para que entre compassadamente o primeiro tempo de uma valsa. Acorda a pensar em dias infinitos, em sorrisos lascivos e intermitentes. Eleva-se nas pontas de ambos os pés e sente o pulsar do coração nos lábios. Num andamento de 30 compassos por minuto, as palavras aveludadas sangram a língua. É como se tivesse a boca a saber a framboesas acabadas de colher. Fora de si, fora do corpo, em ondulações graciosas, um cheiro hipnotizante invadiu o nariz numa progressão suave e lenta. "São rosas, senhor, são rosas..." das memórias carmim que plantamos diariamente no chão.

6 comentários:

Von disse...

Sont des gourmandises, pour démasquer la douceur de la chat noir...

E do aroma da manhã, dos 30 compassos, que se retenha um; o lento e suave carmim que embacia os olhos e tinge de vermelho vivo o coração.

Von

Viajante pelos Sentidos disse...

"Acorda a pensar em dias infinitos, em sorrisos lascivos e intermitentes. Eleva-se nas pontas de ambos os pés e sente o pulsar do coração nos lábios."

Às vezes também acordo assim... e é tão bom. São sonhos, senhor, são desejos.

Amo a maneira como escreves!

Beijo viajante*

Abssinto disse...

Demorada suavidade.

bj

black puss in white boots disse...

Se tinge o coração de vermelho vivo, tinge a alma de vermelho profundo e latejante.
E em todas as manhãs o aroma será compassado, medido a conta gotas para não esgotar o frasco. Lamberia o néctar, até me embebedar.

black puss in white boots disse...

É aquela coisa que dá por dentro.Uma vontade muito forte de se derreter. Grande blackiss sweet viajante ;)

black puss in white boots disse...

É sentir o perfume agora e sempre, respirando devagarinho para não se perder.
Blackiss abssinto ;)