Perco-me para me encontrar. Encontro-me para me perder. Quando me encontro, volto a perder-me. Quando me perco, procuro encontrar-me. No caminho mais longo, encontro um mais perto. No caminho mais perto, vou pelo mais longo. Flutuo abaixo das camadas, degrau por degrau. Corro contra o tempo para sair. Quando chego à superfície, sopro-a violentamente para fora das grades. Empurro os muros para longe, para não me cairem em cima. Lanço uma escada para me segurar. Se tenho medo, tapo os olhos e olho para cima a seguir. Sento-me confortavelmente naquele pedaço de terra vazio e absorvo lentamente todo o ar que passa em sentido contrário. Se já escureceu, apanho boleia da lua. Se amanheceu, digo bom dia ao sol e ofereço-lhe um sumo de laranja. Vou descer, está na hora de ir trabalhar.
quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008
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18 comentários:
a maior parte das vezes,encontro-me perdida :)
belo texto!!
beijo
como te compreendemos!
Loulou e Nini
Se calhar estás a precisar de um daqueles amigos de quatro patas treinados para ajudar ceguinhos... :)=
Dark kiss.
Percebo-te perfeitamente. A vida é feita de encontros e desencontros, de caminhos já gastos e de outros que nós abrimos...com riscos (e apoios) por vezes inesperados.
Um beijinho para o teu caminho
"I can almost see you" é uma delicia viciante. Tens musical apurado.
Já quanto à tua flutuação... ora, como ser alado que sou, um dia... em que a escuridão não se manifeste tão densa quanto a desejo, talvez te surrprenda... num desses teus momentos feito surpresa.
merda!
corrijo: (gosto musical apurado)
Se passares pela praceta onde ao fim da tarde, o velhote de casaco violeta e violino gasto toca as canções que lhe pedimos, terás um pauzinho de algodão doce à tua espera. E então, a palavra perdida, perderá o significado.
Von
Uma crueldade, como a vida real nos faz descer à terra de forma tão vil.
bj
Muitas vezes os caminhos pregam-nos partidas e sentimos-nos alienadas. Resta-nos sempre a esperança de que a tabuleta da saída está algures em frente aos nossos olhos :)
Blackiss, vertigo!
Obrigada pela visita Loulu e Nini. Este telhado já é vosso.
Blackiss ;)
Klatuu: quero então o cão dos Baskervilles :)
Blackiss
Só há uma resposta, a persistência da eternidade das nossas procuras.
Obrigada pela visita ao telhado, u ó mãe.
Blackiss!
Hammock é delicioso. Estou envidraçada.
Durante a escuridão, refugio a tua metáfora num envelope e trago de volta a música que fará a tua alma se transformar em bilhete.
Nessa praceta, o simpático velhote tocou no seu violino Dorotea (Kinovia), enquanto eu comia cuidadosamente os pedacinhos de algodão doce ali deixados gentilmente por alguém que usava um sobretudo.
Cada sonho é um percurso que fazemos. Procuramos transformá-los em pequenas prioridades quotidianas sempre debaixo dos pés.
Blackiss abssinto ;)
Que maravilha de texto... Uma verdadeira viagem pelos sentidos, pelos sonhos, pelos caminhos da emoção e do sonho e da imaginação.
Porque todos precisamos de escapar. E de nos perder para depois nos encontrarmos.
E se assim não fosse não tinha piada nenhuma.
Blackiss com sentido, viajante ;)
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