Saboreio a saliva que me mastiga e mastigo minutos inundados pela lascívia. Lambo feridas brotadas no tempo em que te ausentaste de mim. Desato as teias dos afectos e desaperto os laços que me prendem à razão. Traços fugazes que corroem a alma, que se delineiam, decaídos, trazidos pela noite para me inebriarem. Mutilámos os desejos e os pesadelos mais apetitosos. Cego com a vastidão das nuvens e tenho miragens dos teus olhos no céu claro que me ofusca. No brilho da lua cheia de tudo e de nada devoro horas do agreste que me perfaz. Vazia de anseios, busco na cisterna aquele tudo que faltou. Esta noite, o sal das minhas lágrimas, salgou o mar.
sábado, 17 de novembro de 2007
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5 comentários:
Soberbo, sombrio e suculento. Gosto desse teu lado coberto pela sombra, mastigando abandonos sobre um tapete oriental numa sala vazia de um palácio veneziano, enquanto esperas o bater das horas proibidas. Belíssimo. Hesito apenas na banda sonora: Sopor Aeternus ou Ophelia´s Dream.
Von
Não podias ter descrito melhor a minha alma.Fenomenal!
Quanto à banda sonora, apreciei bastante as duas sugestões, adequam-se na perfeição. Mas se puder escolher uma de Sopor Aeternus prefiro a "No one is there". Quanto a Ophelia´s Dream, qualquer uma de "Not a second time" é subliminarmente arrebatadora.
Blakiss
Blackie, é surpresa atrás de surpresa. "No one os there"... magnífico, e de preferência com a entrada "The house is empty now". E depois "Not a second time"... resumindo: temos escrita, temos imagens certeiras e temos os conhecimentos profundos das bandas sonoras. E da multidão vulgar dos blogs, surgiu uma personagem. A questão é: vamos persegi-la pelos telhados?
Von
Deixa-me emendar um pormenor no meu último comentário... Blackie doesn´t suit you...
Von
Iremos com uma certeza desconcertante: persegui-la intemporalmente pelos telhados, de zinco de preferência.
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