À entrada no recinto mostra-se o bilhete e troca-se pela maldita pulseira atarrachada à medida do diâmetro pulsar. A Organização sempre atenta às tendências da estação, escolhe as cores que estão mais na modinha, tudo para estar a gosto das mais variadas tribos festivaleiras. As super argolas de betas, de tias e Lilis Peelings não têm desculpa para ficar de fora. O passo seguinte é comprar uma imperial e aí sim, dá-se início ao ritual. É tempo de procurar um local para descansar, numa roda sentada de espírito socializante, observa-se o recinto e as massas que rapidamente se fundem numa mistura de silhuetas. A monte surgem as inúmeras barraquinhas de comes e bebes, roulotes, souvenirs e brindes (bonés, lenços, t-shirts, raquetes...)para entreter aquela multidão esfaimada. Há quase sempre cuspidores de fogo, malabaristas e outros pseudo-artistas que resolvem dar largas à sua imaginação já bastante aviada. O ritual é sempre o mesmo: vinho, cerveja, fazer pipi, ou pópó e substâncias psicotrópicas, tudo em loop. Será que estamos perante a generation Sex and Mother Fucker? Por favor imberbes do couro, bebam uma coca-cola para limpar a cabeça e o estômago, os paizinhos agradecem! Continuando...a massa adopta uma postura peculiar, de braços no ar, a anca descai o joelho dobra e o pé assente no chão bate ligeiramente. A cabeça e o tronco movem-se com suaves inclinações,tudo depende do grau de ingestão alcoólica , se o cérebro já se encontra anestesiado, a cabeça e o tronco movem-se em ritmos mais lentos. Cada um viaja e tem a sua própria nave espacial instalada no cérebro. Mas existe uma grande coordenação dos braços e das mãos,ora se eleva alternada e vagarosamente o braço esquerdo para saciar uma eventual sede (a não ser que seja um clone do McGyver, e crie um boné com dois suportes para imperial com ligação por tubo directamente para a boca ou uma mochila devidamente apetrechada que permita armazenar grandes quantidades licorosas com respectiva ligação à boca),ora se eleva o braço direito para saciar um eventual fetiche em plantações marroquinas.Aqueles que anseiam pela vibração física e auditiva revelam-se excelentes acrobatas,vulgo moche. As pessoas com garrafa de água que saltam em êxtase, como se estivessem com espasmos ou com uma intensa dor abdominal, estão numa luta interior,onde imperam os ácidos e as pastilhas, com os demónios suficientes para exorcizar. Depois há aqueles que estão a vomitar ou a dormir no chão,nestes casos convém ir sempre atento, se possível levar uma lanterna, não vá tropeçar e cair em cima de algo bem desagradável. Finda a luz no palco, portas abertas, as massas desintegram-se, os sobreviventes arrastam os pés até abandonarem o recinto e voltam sãos e salvos para casa das mamãs. Para o ano há mais!
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4 comentários:
um olhar lúcido!!!! :D
yep em portugal os festivais são assim. a nova raça chama-se freakobetoalternativo.
Gostava de ter mais vontade,mas nunca tive muita pachorra para festivais...
Os festivais têm piada, sobretudo quando o cartaz é o apelo maior.
De resto vale como experiência para contares aos netinhos ;)
É uma espécie de mixlândia festivaleira - há para todos os gostos e feitios :)
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