Entre o quase nada e o quase tudo há sempre um quase-quase. Palavras que ficam por dizer, palavras que se dizem e que não se deviam ter dito, palavras que se pensam, palavras que ficam a meio, não saem. Bocas abertas, bocas costuradas, chuleadas, embainhadas e assexuadas. Afectos que mudam de pele, de corpo e de alma, mas que permanecem em silêncio. Porque é que não podemos embriagar-nos de afectos, sorver os sentidos com um gosto sempre diferente? A ressaca do dia seguinte de certeza que provocaria menos estragos. Se o meio nunca nos preenche, sabe a pouco, porque é que continuamos a bebê-lo? Se o cheio nos vai matar a sede, porque é que não agarramos um copo cheio de tudo aquilo que nos preenche? Porque é que temos medo de sentir o que sentimos? Porque é que temos medo de demonstrá-lo? Porque não temos tempo, porque não queremos ou porque dá trabalho? Simplesmente, porque somos uma sociedade emo-fóbica. É mais fácil viver a conta-gotas, derrama-se menos de cada vez. E para que o elixir dos afectos nunca acabe, vamos entornar o copo muitas vezes. Porquê? Porque sim!
18 comentários:
Os afectos também vão bem com uma francesinha... :)
Eu gostei muito deste teu texto. Não me fico pelo "assim assim" e bebe-o de gole...
Não sei se é defeito... Mas eu sou assim... De extremos! Ou tudo ou nada. Ficar a meio deixa-me sempre com a sensação de não ter começado e fica-me na garganta o travo a não ter conseguido vencer... Se não corto a meta. Arrisco.
O Gato
Vamos a isso :)
Vertigo
Os afectos acompanham bem com tudo :)
Há em pacote, garrafa e em lata, como preferes, klatuu?
Onde assino por baixo???
Não poderia concordar mais com este teu texto.
Esse teu conceito de "quase-quase" lembra-me o meu conceito de 44, o limbo entre o 8 e 80 da vida, que escrevi aqui há uns tempos.
Eu não sei ser "quase-quase", sou sempre tudo, dou tudo, digo tudo, sinto tudo. Batalho com quem me rodeia para que se desafiem e façam o mesmo, mas quase todos preferem o quase-nada.
Vivemos numa sociedade fechada e hedonista... se encontramos alguém no "quase-quase" já não é mau... estou cansada do quase-nada.
E pronto, num instante me fizeste gritar ao mundo esta minha insatisfação, tema que me toca o ponto nevrálgico da alma.
Beijos para ti, continua a escrever assim, tão, tão bem!
Por vezes os extremos são necessários. É sinal que se está acordado. Fazes bem gato. Deixar as coisas a meio não tem o mesmo sabor e sobretudo deve-se arriscar sempre, ainda que se partam os copos e se apanhe os cacos a seguir por vezes :) Já dizia o velho ditado e "quem não arrisca não petisca..."
Pois é minha querida, infelizmente temos tantos "entre 8 e 80 quase-quases" por aí. Não teriamos dedos suficientes para os contar. Porque é que não podemos ser um bocadinho felizes? Ainda que digam que a felicidade é efémera, apenas há momentos felizes. Mas porque é que não podemos prolongar esses momentos felizes, nem que para isso tenhamos de deixar de olhar tanto para os nossos umbigos. Grita bem alto, sim! Pode ser que haja um grito universal e todos os "quase-quase" ou "quase nada" se transformem em "quase TUDO".
Mil blackisses para ti ;)
Estou contigo vertigo, bandeiras hasteadas já! ;)
Hearts of Hearts,wings of flight?
De facto, a vida é tão curtinha, e os anos "em pleno" tão poucos.
bj
Wherever you go, go with all your heart ;)
A vida já é curta, mas depois nós tornamo-la ainda mais curta, desperdiçando tempo. Deve ser encarada como a música :)
Composta de ouvido, com sensibilidade e intuição e sem regras rígidas.
Blackiss
O ideal é viver a vida como se ela fosse um copo cheio - cheio de amor, de alegria, de força e vontade de viver...
O copo vai esvaziando, à medida que a vida vai passando... cabe-nos a nós mantê-lo sempre cheio!
Se calhar não tem nada a ver... mas foi o que me ocorreu dizer...
Um beijo viajante...
Entre o nada e o tudo, existe o cheio e o vazio, o perto e o longe, o sim e o não, a vontade e a recusa. E existem palavras como nada e como tudo.
Entre o nada e o tudo, existem essas bocas ávidas, esses répteis afectos, essa embriaguez de goles onde a gulodice não tem principio nem fim.
Entre o nada e o tudo, não há dia seguinte. Nem ressaca. Nem sequer meio, porque entre o nada e o tudo não se mede.
Entre o nada e o tudo, o pouco parece muito e quando é muito, nunca sabe a pouco.
E entre o nada e o tudo, apenas não se agarra o algo. Por tolice.
Von
Tenho um prémio blogosférico para ti no meu blog... :D
Bjos!!!
Viajante: o mote é mesmo esse. Cabe-nos a nós manter sempre o copo cheio, seja ele de pé alto, redondo, quadrado, desde que seja cheio :)
Blackiss
E para que não se sequem as bocas e não se percam os olfactos e o paladar das palavras e dos afectos, a gulodice nunca deverá ter fim.
Blackiss Von ;)
Prémio blogosférico? Uhmmmm vou espreitar pelo canto do olho ;)
Blackiss Redlight :)
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