Todas as histórias têm um início e um fim. A minha/tua história teve sempre um meio. Quando esperei virgulas, deste-me reticências. Quando esperei interrogações, deste-me exclamações. Quando esperava respostas não me fizeste perguntas. A seguir aos dois pontos, havia sempre um parêntesis. Agora já gastámos as palavras não ditas. E antes das palavras estarem gastas pela ausência de pontuação, tenho a certeza de que todas as palavras permaneciam apenas escritas no meu coração. Nunca as escreveste comigo. Sinto-me cansada. Sinto-me vazia. Não quero continuar a ler a mesma página gasta durante mais tempo. Não tenho forças para esperar o teu ponto final. Devias estar aqui comigo, rente aos meus lábios, para dividir esta amargura, dos meus dias partidos um a um. Adornei-me com os teus resquícios para esquecer a tua presença ausente. O passado é sangue coagulado nas crostas vincadas na memória. Quero ir além do que vivo. Surjo das cinzas e hei-de sempre voltar.
domingo, 13 de janeiro de 2008
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
19 comentários:
a verdadeira força vem das cinzas....
mas isto é uma descrição da jangada de pedra, não é?
Como a figura mitológica Fénix, que morre em chamas toda tarde e emerge a cada manhã :)
Lamento desiludir-te moyle, mas não é, nem sou grande apreciadora do ilustre José Saramago. Aliás, a ausência de pontuações sempre me incomodou bastante :)
A vida é composta por momentos...já o sabemos...Que cada um deles, antes da pontuação se ter perdido, tenha sido bom; só por isso, valeu já a pena...
Beijinho e coração ao alto!
Tu consegues virar essa página... mereces!
Porque há novas palavras a descobrir e a partilhar... põe o ponto final, fecha o livro!
Brilhante...
Um beijo viajante...
Então ponto final,encerra esse capítulo, parágrafo, novo capítulo, barra, travessão.
bj
A vida é marcada por momentos que deixam marcas. Umas boas outras más. Mas se não for assim, não podemos virar as páginas. Por vezes faltam-nos forças é certo...
Blackiss shelyak ;)
Espero conseguir mesmo, viajante. Este livro está a bloquear-me a lucidez. Quero uma nova página.
Blackiss em prosa ;)
Verdade verdadinha, abssinto ;)
Fizeste-me lembrar um excerto de um filme da Catherine Breillat: Nós as mulheres não somos como os sabonetes, não nos gastamos. Pelo contrário, aprendemos sempre qualquer coisa.
Blackiss!
O domínio impossível das emoções através do intelecto…
Proporciona-me visualizar gostas feitas de sentimentos, pingando uma após outra de a partir de uma torneira cuja razão já mal consegue fechar.
Mas… nem o é de todo. Concreta será antes a saliva deixada no reconhecimento… essas, as palavras que tu própria fizeste suar… sim, daí.
I know my fellow dark creature… “que se foda muita coisa”.
Somos memórias de lobos que rasgam a pele. Lobos que foram homens e o tornarão a ser ou talvez memórias de homens que insistem em não rasgar a pele. Homens que procuram ser lobos
mas que jamais o tornarão a ser...
(Moonspell, Full Moon Madness)
Blackiss dark creature
Já que citas o Fernandinho, uso eu as palavras de outro que saberás realmente ler:
"here they lay within our arms. caressing this darkest purge. honing the darkness pure,
bleeding the nether free...
under an
earthen stone,
she of cloak and crown,
she of blackened steel...
blessed be unto her.
her soul,
the naked blade;
the color of
darkest lochs.
her temperance,
the hilt forged from silver winters.
time is but a breath. age thus comes and goes.
a pitiful
mortal coil;
you and yours,
mortal man.
embrace her immortality.
the nether three,
nocturne sisters.
they are the sentient
circle,
the meeting point to the end"
Morgion "Cairn"
Isso... qual fénix renasce das cinzas de um amor gramaticalmente errado!
Solinari foi uma black moon, mas cloacked by ages,crowned in earth é uma poeira de uma estrada involuntária. Good choice, dark creature, azuadamente, obrigado!
Redlight, como sempre, observadora exímia e acertaste no tónico: gramaticalmente errado. Bom fim de semana (special) ;)
Blackiss
Porque não se deixam as histórias suspensas... pairando num limbo onde a entrada obriga à impressão digital dos lábios. Haverá sempre o mais além, o início e os dias. As cinzas... que fiquem para o vento... rente à impressão emocional dos lábios.
Von
O silencio da alma é tão ensurdecedor
quanto o silencio da madrugada solitária. A saliva desce áspera como uma lança e perfura o coração descarrilado pela cinza das histórias suspensas.
Blackiss, von
Enviar um comentário